quinta-feira, 9 de julho de 2020

“Os Direitos Inalienáveis do Leitor” (Daniel Pennac)



«1. O direito de não ler.» – porque não quero, porque não é oportuno, porque não!;

«2. O direito de saltar páginas.» – e porque não? Quem disse que um livro se deve ler apenas da primeira à última página?;

«3. O direito de não acabar um livro.» – bem… se esta lei não se aplicasse à minha pessoa, poderia armar-me em fundamentalista e dizer “Nem pensar! Já que o começaste a ler, termina-o!”, porém há livros que ficam, indefinidamente, na estante à espera  que os reabra e leia;

«4. O direito de reler.» – os livros que se relêem são como velhos amigos que se reencontram. Há sempre coisas novas a descobrir, características que antes não se notaram, defeitos para os quais se fechou os olhos, virtudes que surpreendem.

«5. O direito de ler não importa o quê.» – quem disse que só se deve ler LITERATURA? Nem todos os livros que se encontram nas livrarias farão parte dos cânones literários… porém ajudam-nos a viajar nos sonhos. Aliás, podemos ler tudo: da bula do medicamento à revista de mexericos; dos livros de auto-ajuda aos tratados científicos; dos bestsellers na moda aos clássicos da literatura…

«6. O direito de amar os “heróis” dos romances.» – Ah! Quantas vezes se suspira com aquele herói (ou mesmo anti-herói) do último livro lido!?Quantas vezes se discutem as suas ações ou o seu carácter? Tal como na adolescência, todos os amores são eternos… até aparecer um novo!

«7. O direito de ler não importa onde.» – Pois claro! Nem todas as salas de leitura são convencionais… mas isso não interessa mesmo nada!

«8. O direito de saltar de livro em livro.» – Um, dois, três, quatro… tantos quantos a nossa vontade o exigir!

«9. O direito de ler em voz alta.» – sim, claro! Há palavras que só fazem sentido quando ditas em voz alta! Há textos cuja beleza não deve ficar escondido na mente.

«10. O direito de não falar do que se leu.» – há segredos que devem ficar bem guardados!