14/04/2020
A CRÔNICA ESTÁ DE VOLTA!
- Leia com calma e atenção a crônica "A Bola".
A Bola - Luiz Fernando Veríssimo
O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro.
Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.
Luis Fernando Verissimo (1936) é um escritor brasileiro. Famoso por suas crônicas e contos de humor, é também jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico. É filho do escritor Érico Verissimo.
O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
- Como é que liga? - perguntou.
- Como, como é que liga? Não se liga.
O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
- Não tem manual de instrução?
O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
- Não precisa manual de instrução.
- O que é que ela faz?
- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
- O quê?
- Controla, chuta...
- Ah, então é uma bola.
- Claro que é uma bola.
- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
- Você pensou que fosse o quê?
- Nada, não.
O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
- Filho, olha.
O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.
Luis Fernando Verissimo (1936) é um escritor brasileiro. Famoso por suas crônicas e contos de humor, é também jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico. É filho do escritor Érico Verissimo.
- Copie em seu caderno as questões que seguem e responda cada uma assinalando a opção correta.
1-Neste texto o narrador participa ou só conta a história?
Ele só conta a história.
Ele também participa da história.
2- A partir do texto, podemos perceber que o menino:
Gosta de brincadeiras antigas
Gosta muito de assistir TV
Gosta mais de brinquedos eletrônicos
Gosta de brincar de bola
3-Este texto contém diálogos. Quem é que fala neste texto?
O pai, o filho e a bola
O pai e o filho
O pai, o filho, a bola e o narrador
O narrador e o filho
4-O que faz deste texto uma crônica?
Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e fala como é legal ganhar uma bola de presente.
Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e quer que o leitor acredite nele.
Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), e diz como os filhos devem tratar os pais.
Ele escreve sobre um fato cotidiano (de um pai que dá um presente ao filho), mas faz uma reflexão sobre esta situação, expondo o seu ponto de vista e fazendo com que o leitor também reflita sobre o texto
5-O que o autor pretende com esse texto?
Que o leitor acredite nele e concorde com tudo que ele disse.
Que o leitor fique sabendo que o pai deu uma bola de presente ao filho
Que o leitor leia e reflita sobre como as crianças de hoje não brincam mais como antigamente
Que o leitor fique feliz porque o menino ganhou um presente de seu pai
6-O tema central desta crônica é:
Os pais não tem mais contato com os seus filhos e não sabem direito quais são as suas brincadeiras preferidas
As crianças já nem ligam para as brincadeiras comuns do passado, elas estão mais interessadas nas inovações tecnológicas.
Mostrar que o menino não sabe jogar bola
Nos contar que o pai nunca ensinou o seu filho a jogar bola.
7-No trecho:
"— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela."
O pronome "ela" está se referindo à quem?
tela
máquina
TV
bola
8- Quando o menino desembrulhou a bola ele disse "legal", mas será mesmo que ele gostou da bola?
Sim, porque se ele não tivesse gostado ele ia falar.
Não, ele só disse "legal" para não magoar o seu pai.
Sim, se ele falou "legal" deve ter sido porque ele gostou muito do presente.
Não, ele não gostou. Ele até pediu para o pai trocar o presente por um videogame
9-Leia este trecho:
“Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como é que liga? ”
O garoto estava procurando um botão que ligasse o brinquedo porque:
“Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como é que liga? ”
O garoto estava procurando um botão que ligasse o brinquedo porque:
ainda não tinha lido o manual de instruções.
pensou que fosse um brinquedo eletrônico.
gostava muito de jogar Monster Ball.
não sabia o que era uma bola.
10-No trecho:
"— O que é que ela faz?
— Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela."
O que o menino pensou ao perguntar isso?
Ele pensou que a bola tivesse quebrada
Ele achou muito legal e queria ir brincar logo
Achou que a bola fazia alguma coisa a mais.
Ele gostou do presente e queria saber o que ela fazia
11-Veja este trecho:
"Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
— Como é que liga? - perguntou."
Por que o menino achou que a bola deveria ter um botão de "ligar"?
Hoje em dia as crianças tem muitos brinquedos eletrônicos que necessitam ser ligados
Porque todos os brinquedos são obrigados a sair de fábrica com o botão "ligar"
O brinquedo deveria ter o botão "ligar" para que ele pudesse começar a brincar.
Se não tivesse o botão "ligar", ele não poderia jogar.
05/04/2020
DESAFIOS "RACHA A CUCA"!!
Para vocês, mocinhos e mocinhas dos quintos anos, indicamos um site que disponibiliza uma série que desafios matemáticos para resolver e logo em seguida já apresenta a solução dos mesmos.
Acessando, encontrará a página com o título:
Quiz Lógica e Matemática para Crianças e Jovens Volume 1 - FÁCIL
Conteúdo Revisado e Ampliado: 09 de Janeiro de 2020
- Caso encontre alguma dificuldade, vamos postar os mesmos desafios logo abaixo.
Analise cada questão e assinale a resposta mais adequada.
01/04/2020
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
MATEMÁTICOS
Nos dias de hoje, em sala de aula, alguns alunos não
conseguem retirar informações adequadas e necessárias do enunciado dos
problemas matemáticos dados para a sua resolução ou identificar o que o
problema está questionando. Uma das causas dessa dificuldade, que pode ser
chamada de dificuldade de interpretação, é a falsa ideia de que para estudar
matemática não é preciso ler.
A facilidade de interpretação está diretamente ligada à leitura, portanto, querido aluno e querida aluna, se você possuir um hábito regular de leitura terá uma facilidade maior em compreender um problema matemático!
A facilidade de interpretação está diretamente ligada à leitura, portanto, querido aluno e querida aluna, se você possuir um hábito regular de leitura terá uma facilidade maior em compreender um problema matemático!
Vale lembrar que a resolução de um problema matemático segue alguns passos aplicados antes mesmo de efetuar os cálculos, pois ler, interpretar e entender um problema matemático faz parte da sua resolução.
Para facilitar a compreensão e interpretação de um problema matemático, podemos apostar na prática dos seguintes passos:
• Leitura geral
No primeiro contato com o problema matemático, você deve voltar a atenção somente para a leitura.
• 2º leitura: identificando os dados
A segunda leitura é mais detalhada, pois você, aluno (a), deverá identificar os dados mais importantes e a pergunta que o problema propõe. É nesse momento que é colocada em prática a interpretação, pois deverá entender o problema pra conseguir retirar dele os dados mais importantes.
• Identificar as operações
Depois de separar os dados e saber o que o problema está perguntando (saber o que deve calcular), será preciso que identifique como achar essa resposta, ou melhor, que operação utilizar na resolução desse problema matemático. Podendo ser uma ou mais operações.
• Efetuar as operações
Agora é preciso colocar em prática as operações matemáticas encontradas. Ao resolver todas as operações necessárias você chegará a uma resolução final.
• Prova real
Depois do resultado encontrado, é preciso verificar se ele está correto. Para isso você deverá voltar ao problema matemático proposto e verificar se a solução encontrada satisfaz a situação problema.
Adaptado de Danielle de Miranda
Graduada em Matemática
Equipe Brasil Escola
Graduada em Matemática
Equipe Brasil Escola
AGORA É COM VOCÊ!
Siga cuidadosamente os passos apresentados acima para resolver os problemas que seguem.
- Use seu caderno de Matemática.
- Coloque a data.
- Copie as situações-problemas publicadas.
- Resolva cada uma com atenção. (Resolução sempre à lápis!)
- Assinale com um X a resposta correta de cada situação.
1) Joana encomendou
salgadinhos para uma festa de aniversário. Sabendo que um cento de salgadinhos
custa R$ 30,00, quanto ela pagará por 300 salgadinhos?
(A) R$ 90,00
(B) R$ 900,00
(C) R$ 30,00
(D) R$ 330,00
2)
kleber está juntando dinheiro para comprar um smartphone. Em um mês ele
economizou R$ 435,00 e no mês seguinte, R$ 460,00. Como o produto que ele
deseja comprar custa R$ 999,00, quanto ele ainda precisa economizar?
(A) R$ 895,00
(B) R$ 555,00
(C) R$ 105,00
(D) R$ 104,00
3) Na escola em que
Marina estuda acabaram de construir um teatro. Ela verificou que havia 9
fileiras com 23 poltronas. Quantas poltronas possui ao todo o teatro?
(A) 1827
(B) 207
(C) 187
(D) 32
4) A mãe de Juliana faz caminhadas regulares em volta de uma praça que mede 110 metros de comprimento por 70 metros de largura. Todos os dias ela dá três voltas na praça. Ela caminha por dia:
(A) 540 metros.
(B) 1080 metros.
(C) 360 metros.
(D) 3240 metros.
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29/03/2020
Olá!!
Por conta do nosso distanciamento social, corremos o risco de esquecer algumas informações importantes que já estudamos em sala de aula ...
Pensando nisso, a proposta é retomar o conceito e as características do gênero textual CRÔNICA.
Para isso, queridos alunos, assistam ao vídeo abaixo copiando no caderno de Língua Portuguesa o texto apresentado nele, ou seja, informações sobre "o que é crônica" e as características principais desse gênero.
Façam a atividade com letra manuscrita caprichosamente!
27/03/2020
- Lá vem mais uma crônica para ler, se divertir e estudar!
A crônica "No restaurante" foi escrita por Carlos Drummond de Andrade. Conhece?
Nascimento: 31 de outubro de 1902, Itabira, Minas Gerais
Falecimento: 17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Cônjuge: Dolores Dutra de Morais (de 1925 a 1987)
NO RESTAURANTE
- Quero lasanha.
Aquele anteprojeto de mulher – quatro anos no máximo, desabrochando na ultraminissaia – entrou decidida no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha.
O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais.
- Meu bem, venha cá.
- Quero lasanha.
- Escute aqui, querida. Primeiro escolhe-se a mesa.
- Não, já escolhi. Lasanha.
Que parada – lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato:
- Vou querer lasanha.
- Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão.
- Gosto, mas quero lasanha.
- Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá?
- Quero lasanha, papai. Não quero camarão.
- Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a gente pede uma lasanha. Que tal?
- Você come camarão e eu como lasanha.
O garçom aproximou-se, e ela foi logo instruindo:
- Quero uma lasanha.
O pai corrigiu:
- Traga uma fritada de camarão pra dois. Caprichada.
A coisinha amuou. Então não podia querer? Queriam querer em nome dela? Por que é proibido comer lasanha? Essas interrogações também se liam no seu rosto, pois os lábios mantinham reserva. Quando o garçom voltou com os pratos e o serviço, ela atacou:
- Moço, tem lasanha?
- Perfeitamente, senhorita.
O pai no contra-ataque:
- O senhor providenciou a fritada?
- Já, sim, doutor.
- De camarões bem grandes?
- Daqueles legais, doutor.
- Bem, então me vê um chope e pra ela... O que você quer meu anjo?
- Lasanha.
- Traz um suco de laranja pra ela.
Com o chopinho e o suco de laranja, veio a famosa fritada de camarão, que, para surpresa do restaurante inteiro, interessado no desenrolar dos acontecimentos, não foi recusada pela senhorita. Ao contrário, papou-a, e bem. A silenciosa manducação atestava, ainda uma vez no mundo, a vitória do mais forte.
- Estava uma coisa, hein? – comentou o pai, com um sorriso bem alimentado. – Sábado que vem a gente repete, combinado?
- Eu estou satisfeito. Uns camarões geniais! Mas você vai comer mesmo?
- Eu e você, tá?
- Mas meu amor, eu...
- Tem de me acompanhar, ouviu? Pede a lasanha.
O pai baixou a cabeça, chamou o garçom e pediu. Aí, um casal, na mesa vizinha, bateu palmas. O resto da sala acompanhou. O pai não sabia onde se meter. A garotinha, impassível. Se na conjuntura, o poder jovem cambaleia, vem aí, com força total, o poder ultrajovem.
Criança dagora é fogo
Carlos Drummond de Andrade
Editora Record
Hora de estudar!
Em tempos de isolamento social, copie e responda as questões propostas a seguir em seu caderno de Língua Portuguesa.
1. Quem são as personagens da crônica?
2. Qual o conflito vivido pelo pai e pela filha?
3. Explique o que significa “sorriso bem alimentado do pai”?
4. Qual a frase do texto escrita na linguagem popular que significa “nós comemos uma lasanha”?
5. Qual foi a atitude dos clientes no restaurante, no final da história? Em sua opinião, por que agiram assim?
Crônica
A crônica é um gênero textual
narrativo típico de jornais e revistas. Seus temas, em geral, são ligados à
vida cotidiana urbana.
A crônica é um gênero
textual muito presente em jornais e revistas. Em geral, os assuntos
abordados em textos desse tipo são voltados ao cotidiano das cidades –
a crônica pode ser entendida como um retrato verbal particular dos
acontecimentos urbanos. Os bons cronistas são aqueles que conseguem perceber,
no dia a dia de suas vidas, impressões, ideias ou visões da realidade que não
foram percebidas por todos. Embora não seja uma regra, as crônicas costumam
tratar de assuntos mais leves e de um modo humorístico.
Características
A crônica é um gênero discursivo
que mescla a tipologia narrativa com trechos reflexivos e,
em alguns casos, argumentativos. A linguagem da crônica costuma
ser leve, marcada por coloquialidade e, não raro, cada cronista
tem seu estilo próprio no uso das palavras.
Os temas comuns a
esse gênero são os mais variados possíveis. Qualquer assunto cotidiano pode ser
motivo de crônica. Por ser um gênero nascido na cidade, é comum que tudo que
ocorra no ambiente urbano passe a ser escrito em forma de crônica.
Agora que já conhece um pouco o gênero textual em questão, leia, a seguir, uma crônica divertida
escrita por Stanislaw Ponte Preta:
A bolsa ou o elefante
Começou a
história com a senhora prometendo ao filhinho que levava para ver o elefante.
Prometido é devido, a senhora foi para o Jardim Zoológico da Quinta da Boa
Vista e parou diante do elefante. O garotinho achou o máximo e não reta dúvida
que, pelo menos dessa vez, o explorado adjetivo estava bem empregado. Mas sabem
como é criança, nem com o máximo se conforma:
– Mãe, eu
quero ver o elefante de cima.
Taí um
troço difícil: ver um elefante de cima. Mas se criança é criança, mãe é mãe. A
senhora levantou o filho nos braços, na esperança de que ele se contentasse.
Foi quando se deu o fato principal da história. A bolsa da senhora caiu perto
da grade e o elefante […] botou a tromba para fora da jaula, apanhou a bolsa e
comeu.
E agora?
Tava tudo dentro da bolsa: chave do carro, dinheiro, carteira de identidade,
maquilagem, enfim, essas coisas que as senhoras levam na bolsa. A senhora ficou
muito chateada, principalmente porque não podia ficar ali assim… como
direi?…ficar esperando que o elefante devolvesse por outras vias a bolsa que
engolira.
Era uma
senhora ponderada, do contrário, na sua raiva teria gritado:
– Prendam
este elefante!
Pedido,
de resto, inútil, porque o elefante já estava preso. Mas isso tudo ocorreu numa
segunda-feira. Dias depois ela telefonou para o diretor do Jardim Zoológico, na
esperança de que o elefante já tivesse completado o chamado ciclo alimentar.
Não
tinha. Pelo menos em relação à bolsa, não tinha. O diretor é que estava com a
bronca armada:
– O que é
que a senhora tinha na bolsa? O elefante está passando mal – disse o diretor.
E a
senhora começou a imaginar uma dor de barriga de elefante. É fogo…lá deviam
estar diversos faxineiros de plantão.
– Se o
elefante morrer, teremos grande prejuízo – garantia o diretor – não só com a
morte do animal como também com o féretro. A Senhora já imaginou quanto está
custando enterro de elefante?
A senhora
imaginou, porque tinha contribuído para o enterramento de uma tia velha, dias
antes. E a tia até que era mirradinha.
Deu-se
então o inverso. Já não era ela que reclamava da bolsa, era o diretor que
reclamava pela temeridade da refeição improvisada. Para que ele ficasse mais
calmo, a dona da bolsa falou:
– Olha,
na bolsa tinha um tubo de “Librium”, que é um tranquilizante.
Até agora
o diretor não sabe (pois ela desligou) se a senhora falou no tranquilizante
para explicar que não era preciso temer pela saúde do elefante, ou se para ele
tomar quando a bolsa reaparecesse.
Stanislaw
Ponte Preta. “A bolsa ou o elefante”. In: Febeapá 1,2 e 3. Rio de Janeiro:
Agir, 2006. P. 120-121
Conheça o
autor
Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Marcos Rangel Porto nasceu
em Copacabana, Rio de Janeiro, no dia 11 de Janeiro de 1923. Seus pais eram
Américo Pereira da Silva e D, Dulce Julieta Rangel Porto.
Iniciou na
Faculdade de Arquitetura, porém abandonou em 1942, no terceiro ano, para
trabalhar no Banco do Brasil, onde trabalhou por quinze anos. Ainda bancário,
começou sua carreira no jornalismo, onde fez de reportagens policiais à
comentários esportivos.
No ano de 1949 começou a escrever para
uma revista de nome Sombra.
Em 1951 começou
a usar o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta no Diário Carioca, tendo como
inspiração um famoso personagem satírico de Oswald de
Andrade, o Serafim Ponte Grande. Fez críticas teatrais e crônicas
sociais, depois dedicou-se somente à crônica da vida artística. Sérgio casou-se
com Dirce Pimentel de Araújo e com ela teve três filhas, lhes deram os nomes de
Gisela, Ângela e Solange.
Em 1953 transferiu-se para a Tribuna da
Imprensa, e um ano depois iniciou no estilo satírico e começou a trabalhar na
rádio Mayrink Veiga, ficando lá por oito anos.
Sérgio usava seu
pseudônimo e seu cunho humorístico para tratar de assuntos sérios e fazer
críticas sociais, era irreverente e sarcástico, usando de linguagem
coloquial para ser bem compreendido pelos leitores.
No ano de 1956,
numa parceria com Nestor de Holanda, escreveu uma revista teatral. Em 1957
colaborou com o Diário da Noite e com O Jornal, voltando depois para a Última
Hora. Também editou outras revistas teatrais, além de criar shows para a
televisão.
Em 1961 publicou
o primeiro livro como Stanislaw Ponte Preta, com diversas crônicas de jornais e
revistas. Publicou ainda duas obras assinadas como Sérgio Porto.
No ano de 1968,
Stanislaw escreveu seu último livro, e neste mesmo ano foi vítima de um
envenenamento em seu café, no intervalo de um dos shows que havia criado. Logo
após este incidente, teve seu terceiro enfarte.
Uma de suas
obras mais marcantes foi ‘As cariocas” que reunia 6 pequenas novelas.
Posteriormente “As cariocas” virou uma série televisiva produzida pela Rede
Globo.
Stanislaw Ponte
Preta, jornalista, cronista e redator, faleceu em 30 de Setembro de 1968, no
Rio de Janeiro.
Principais
obras:
Usando o
pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, publicou: Tia Zumira e Eu; Primo Altamirando
e Elas; Rosamundo e os Outros; Garoto Linha Dura; Febeapá – Festival de
besteiras que assola o País; Febeapá 2; Na terra do Crioulo Doido; Febeapá 3; A
máquina de Fazer Doido e Gol de Padre.
Já com o seu
próprio nome de Sérgio Porto, o autor publicou: Pequena História do Jazz; O
Homem ao Lado; A Casa Demolida e As Cariocas.
https://www.infoescola.com/biografias/stanislaw-ponte-preta/
Hora de estudar!
Releia a crônica "A bolsa e o elefante" e faça as atividades sugeridas a seguir em seu caderno de Língua Portuguesa. (Copie as perguntas e registre suas respostas atenciosamente)
1. Qual é o principal acontecimento da crônica "A bolsa e o elefante?"
2. Em que lugar isso acontece? E em qual dia da semana?°
3. Quantas e quais são as personagens envolvidas na história?
4. Nessa história há um narrador observador ou um narrador personagem?
5. Releia o trecho, que apresenta uma opinião sobre o garoto.
Mas sabem como é criança, nem com o máximo se conforma [...]
a) Quem deu essa opinião sobre o garoto?
b) Para quem é dada essa opinião?
c) Que ideia ela quis transmitir ao dar essa opinião?
6. O narrador informa aos leitores que o diretor estava com a "bronca armada". O que isso significa?
7. No final da história a senhora diz:
__ Olha, na bolsa tinha um tubo de "Librium", que é um tranquilizante.
Lendo o final da história podemos encontrar humor, explique:
Muito bacana!!!!!
ResponderExcluirPåřä đë fąžëř łïçøë
ResponderExcluir